Pesquisador acredita que recuperação pode ter sido um processo 'natural'.
A história de um homem cuja ponta do dedo cresceu de novo depois de aplicar um pó especial desenvolvido por pesquisadores americanos gerou bastante discussão nesta semana entre médicos, mas dois cientistas britânicos se dizem céticos em relação ao avanço.
Um deles afirma que a substância usada não poderia obter um resultado tão complexo, e outro acredita que a recuperação do dedo pode ter sido um processo natural.
Lee Spievak, de 69 anos, havia perdido a ponta do dedo - segundo ele, quase até a primeira junta - ao colocá-la na hélice de um avião miniatura, em 2005.
Mas Spievak conseguiu, em algumas semanas, fazer crescer uma nova ponta com pele, nervos, unha e até mesmo a impressão digital, depois de aplicar um pó conhecido como extracellular matrix - desenvolvido pela Universidade de Pittsburgh.
O pó, desenvolvido com células da parte interna da bexiga de um porco, é uma estrutura de suporte para as células presente em todo tecido animal e humano.
A equipe da Universidade de Pittsburgh havia usado o pó na regeneração de estruturas biológicas mais simples, e pesquisadores ao redor do mundo vêm buscando formas de estimular o crescimento de células.
Mas, segundo muitos cientistas, fazer a ponta de um dedo crescer seria um avanço muito significativo.
"É aí que o meu ceticismo começa. Seria uma tarefa muita complexa", disse Stephen Minger, especialista em medicina regenerativa do King's College, em Londres.
"No momento, especialistas estão tentando descobrir como criar células do coração, do cérebro, do fígado. Eu não sei como seria possível fazer a ponta de um dedo crescer com esse pó", disse Minger.
Minger também se diz desconfiado com o fato de que Spievak recuperou a sensação no dedo.
"Quando as pessoas têm a ponta do dedo recolocada, por exemplo, os nervos não crescem novamente e a pessoa não tem a sensação de pressão ou dor", afirmou.
'Um processo extraordinário'
'Um processo extraordinário'
Simon Kay, professor de cirurgia da mão da Universidade de Leeds suspeita que Spievak tenha sofrido um "ferimento comum" na ponta do dedo que não teria afetado o osso ou levado à perda da unha.
Segundo Kay, a ponta do dedo tem extraordinários poderes de regeneração que ainda não são universalmente reconhecidos.
"Parece se recuperar porque nova pele cresce ao final do dedo - isso é uma recuperação normal", afirmou.
Segundo ele, se houver tecido em cima do osso, o paciente poderá ficar com uma ponta.
"É um processo extraordinário. Pode ser surpreendente como o dedo se recupera depois de um ferimento feio, mas é o que se espera da maioria de partes periféricas do corpo", concluiu Kay.
Os cientistas britânicos dizem querer ver a pesquisa da Universidade de Pittsburgh publicada em jornais acadêmicos.
Fonte BBCBrasil.com
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