sexta-feira, 23 de maio de 2008

Bactérias podem ser cruciais para formação da chuva, sugere estudo

Americanos descobriram microrganismos em todas as amostras de precipitação.Micróbios parecem servir de plataforma para a formação de gelo nas nuvens.

Neste exato momento, pode estar chovendo bactérias em inúmeras regiões do mundo -- e tudo indica que isso é uma coisa boa, por incrível que pareça. Sem os micróbios, sugere uma nova pesquisa, talvez não houvesse chuva ou neve em quantidades adequadas no mundo. Os microrganismos podem ser o principal elemento formador de nuvens da Terra, a julgar por sua onipresença em amostras de precipitação em vários lugares e climas.

A pesquisa sobre a boa ação bacteriana está na edição desta semana da revista especializada
"Science". "Sabíamos desde os anos 1970 que as bactérias têm esse papel. Aliás, elas são as mais eficientes nisso", contou ao G1 por telefone o pesquisador americano Brent Christner, da Universidade do Estado da Louisiana. "Mas o que não havia sido feito era estimar a distribuição delas na atmosfera. E o que aconteceu é que, em toda santa amostra que nós analisamos, elas estavam lá."

Para ser mais exato, as bactérias estudadas funcionam como nucleadores de gelo, ou seja, é em torno delas que os cristais de gelo das nuvens se formam. "Pode acontecer de a chuva cair apenas com a condensação de gotículas de água, sem a formação de cristais de gelo, mas o mais comum é que eles estejam presentes, mesmo em regiões de clima quente", explica Christner.

Mas será que o simples frio das grandes altitudes onde as nuvens ficam não seria suficiente para formar os tais cristais de gelo? Não exatamente. Em geral, esses cristais precisam de uma superfície sólida como plataforma para se formar. Do contrário, só vão aparecer espontaneamente em temperaturas abaixo de 40 graus Celsius negativos. A presença dos microrganismos consegue produzir gelo em temperaturas de apenas 2 graus Celsius negativos.

De Louisiana à Antártida
Christner e companhia verificaram a presença das bactérias do bem em amostras de chuva do estado americano da Louisiana, considerado subtropical, e em neve recém-caída na França, em outros lugares dos Estados Unidos e na Antártida. O curioso é que, em regiões mais frias e secas, como as polares, há menos bactérias fazedoras de chuva e neve. "Pode ser que a intensidade da precipitação esteja relacionada, em parte, à quantidade delas na atmosfera", especula Christner.

E de onde estariam vindo as bactérias? Da vegetação, por exemplo. "Ainda precisamos de mais dados para dizer se, quanto mais vegetação há no solo, maior o número delas", acautela-se o pesquisador. De qualquer maneira, parece ser mais um fenômeno no qual os seres vivos manipulam o clima, a exemplo da produção de núcleos condensadores de chuva por algas marinhas nos oceanos
Fonte : G1

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