domingo, 27 de abril de 2008

Chuva de inseticida no Rio de Janeiro contra a dengue

A pulverização aérea do inseticida Malathion pode eliminar em 30 dias, "no máximo", os focos do mosquito transmissor da dengue, o Aedes aegipty. A avaliação é do diretor do Centro Brasileiro de Bioaeronáutica (CBB), Marcos Vilela, ao lembrar que esse serviço vem funcionando no mundo inteiro "há mais de 50 anos".


Ele citou os casos de países como Hungria e Cuba e estados norte-americanos, como Maryland, Califórnia, Flórida, Nova York e Massachussets, que realizariam pulverizações desse tipo de forma rotineira.

Vilela denunciou que no Brasil haveria uma "pressão medieval contra a aplicação de inseticidas". Agrônomo há 50 anos, ele disse estar sensibilizado com a situação da epidemia de dengue, no estado em especial.


"A alternativa seria a eliminação tanto dos mosquitos adultos, como das larvas. Só que isso é impossível. Com a dimensão que a coisa tomou, nós não temos como atingir todos os depósitos de água da Baixada Fluminense. A única alternativa é a aplicação aérea, que é feita no mundo todo", salientou.

Ele qualificou de falsas as teorias que afirmam que uma pulverização aérea não acabaria com os focos do Aedes aegipty: "É um academismo que não tem sentido." Recordou que em 1975, quando ocorreu uma epidemia de encefalite eqüina transmitida pelo Aedes aegipty em cidades do litoral paulista, a Superintendência de Controle de Endemias de São Paulo (Sucen) conseguiu controlar aquele ciclo com aplicações aéreas de inseticida.


Após três aplicações seguidas do Malathion, contou, 98% dos mosquitos adultos e 90% de larvas são eliminados ao ar livre. Dentro de casa, indicou que a política deve continuar sendo a de evitar criadouros.

Marcos Vilela enfatizou a urgência da adoção de medidas mais enérgicas para combate à dengue: "Existe a possibilidade de essa epidemia não parar. E nós vamos deixar morrer centenas e centenas de pessoas até chamar os americanos para vir pulverizar o Rio de Janeiro, se nós temos toda a tecnologia aqui?", indagou. O estado já totalizaria mais de 100 mil pessoas infectadas.


O agrônomo contou que elaborou o primeiro projeto de aplicação de inseticida via aérea para a capital fluminense em 1987, quando houve a primeira crise de dengue no estado. Desde essa data, acrescentou, procurou o Ministério da Saúde mas ouviu que "isso não funciona, não interessa".

O serviço de pulverização, segundo ele, deveria ser feito pela iniciativa privada, cabendo ao governo a função de fiscalizar. O custo de três aplicações seria de R$ 5 milhões e Vilela informou que oito aviões estão disponíveis nos estados de Mato Grosso e Goiás cada avião poderia fazer 200 aplicações.


O Centro Brasileiro de Bioaeronáutica é uma entidade privada, criada em 1998, que se dedica à promoção de pesquisas, treinamento e consultoria em aviação agrícola.

Fonte: Agência Brasil

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