segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Gazeta do Oeste entrevista Jose Pinheiro.


GO - O senhor já tem 16 anos de vida pública. Pela primeira vez, o senhor está agora distante da campanha?

JP- Estou me preocupando com a administração de Apodi. Vocês sabem muito bem que a Lei de Responsabilidade Fiscal exige do administrador e quer que o administrador cumpra o que está na lei. Nós, que estamos no final de nosso administração, não podemos deixar nenhum débito para o sucessor, a não ser que a conta fique com recursos para que ele possa saldar esse débito. Nossa preocupação hoje é deixar a Prefeitura de Apodi enxuta, com tudo pago, para que o próximo possa levar a administração com muito mais facilidade do que eu encontrei nessas administrações que passaram.

GO - O senhor chegou a ensaiar um lançamento de um candidato

JP - Depois que faz uma análise e uma reflexão da responsabilidade que temos, achamos melhor ficarmos distantes do embate político. Muito embora, no final, tenhamos que também votar, pois sou um cidadão apodiense. Acredito que a população está entendendo essa nossa posição, muito embora os nossos correligionários, admiradores, a cada momento, exijam, pedindo que eu tome uma posição dentro da campanha. Mas eu mantenho minha posição. Se possível for eu ainda poderei mudar de atitude, mas no momento o meu comportamento é o de cuidar de Apodi, para encerrar o meu mandato com chave de ouro.

GO - O que escutamos é que até o próximo do pleito, o senhor fará um pronunciamento anunciando seu apoio. Paralelamente a isso, o senhor vem estudando bem o pleito?

JP - Estamos vendo o desenrolar da campanha de Apodi, porque durante esses anos todos temos certa experiência com relação à campanha. Pois cada campanha é diferente uma da outra. Precisa-se que os candidatos, que ficam de sapato alto, dizendo que já ganhou. Isso não é verdade. Mas estou observando que a campanha está evoluindo muito bem, eles estão fazendo um trabalho com muita responsabilidade, buscando o melhor para Apodi.

GO - O que tem mais chamado a atenção do senhor?

JP - O que tem me chamado mais a atenção é o problema do eleitor agora que começa a se definir, fazer a opção como irá votar. Isso é uma observação nossa e daqui para frente, cada vez mais o leitor irá tomar essa decisão, porque Apodi é um município muito politizado. O nosso eleitor é muito consciente, e responsável e que está querendo o melhor para Apodi.

GO - A sua administração tem sido muito bem avaliada. O que o senhor pode dizer do que o eleitor de Apodi espera do próximo administrador?

JP - O que o eleitor de Apodi espera é que o futuro administrador seja melhor do que a minha pessoa, porque sabemos que a cada dia os prefeitos estão sendo amordaçados pelo Governo Federal, reduzindo recursos. E se o administrador não tiver um equilíbrio muito grande e um trabalho responsável, certamente ele irá prejudicar o município. Então, é isso o que a população de Apodi espera, que o próximo administrador seja aquele que possa continuar bem melhor que aquilo que eu fiz até agora.

GO - Qual a avaliação que o senhor faz das ações que foram desenvolvidas durante as suas gestões?

JP - Nós temos buscado sempre o melhor para Apodi. Graças a Deus nós vamos terminar esse terceiro mandato com um saldo positivo de melhorias para a população de Apodi. O nosso funcionalismo nunca foi atrasado. Agora, estaremos já pagando a metade do décimo terceiro salário, para que o nosso funcionário se sinta honrado com o trabalho que desenvolve no município.

GO - Outras ações?

JP - Sabemos que o nosso município está inserido no calendário turístico nacional, devido ao Lajedo de Soledade. Conseguimos, devido ao nosso esforço e a colaboração do ex-governador Fernando Freire, fazer um terminal turístico às margens da lagoa do Apodi. Em outubro estaremos inaugurando o terminal, mas além dele temos a Barragem de Santa Cruz. Tudo isso agrada ao turista que procura o interior do RN.

GO - O futuro administrador terá que dar atenção a isso...

JP - Ele terá que fazer com que aquele terminal não seja um elefante branco. O nosso carnaval, por exemplo, que realizávamos, a PF nos disse que no próximo ano não poderia ser realizado. Já estamos preparando o terminal, com uma área suficiente para realizarmos o nosso carnaval, que atrai grande número de pessoas à nossa região. Ele custará 3 milhões de reais e trará um grande benefício para a cidade.

GO - Como o senhor avalia as propostas em torno da emancipação do lajedo?

JP - A comunidade ainda não está preparada para se tornar um município, pois seria uma divisão que iria depender basicamente da administração de Apodi.

GO - Seriam dois distritos?

JP - Não, só Soledade. Mas infelizmente a infra-estrutura da comunidade não dá para chegar a esse ponto. Seria poucos benefícios. As pessoas devem sonhar sempre com a melhor posição. A comunidade tem esse ideal, mas infelizmente ainda não está na hora de isso acontecer.

GO - Apodi é uma cidade que tem uma zona rural muito ampla?

JP - Somos 1536 quilômetros quadrados, mais de 200 comunidades rurais. 50 escolas municipais espalhadas, 18 mil habitantes na zona rural e 17 mil na cidade.

GO - Além das escolas, o que o município tem feito?

JP - Além das escolas, nós temos um programa de saúde no município. Equipes que se deslocam para as comunidades maiores e atendem às circunvizinhas. Com as enchentes deste ano, estradas vicinais tiveram 900 quilômetros de estradas danificados. Tivemos a preocupação de reparar as estradas para facilitar o trânsito. Infelizmente, as enchentes nos trouxeram muita dificuldade. Já pleiteamos recursos, que até agora não chegaram. São promessas e continuam promessas.

GO - O senhor teve uma militância longa no PMDB e uma incursão pelo PR. Está satisfeito com esse grupo?

JP - Estou. Mas a minha saída do PMDB foi muito traumática. Nós militamos durante 30 anos naquele convívio e de repente o senador Garibaldi, por telefone, o que eu achei uma falta de consideração, dizendo que não me queria mais no partido. Que eu seguisse a minha vida política, que ele ficaria com Augustinho como dirigente do partido. Isso me causou um choque muito grande que eu tinha nele uma pessoa que eu pensava que me considerava realmente, muito embora naquele momento em que ele me telefonou me disse que não queria perder a minha amizade, porque ele me considerava um homem sério. Mas a maneira como ele resolveu me isolar do partido foi uma maneira ingrata, traumática, não foi correta. Isso desagradou muitas pessoas. Ainda hoje esse trauma permanece. Não há mais como se recompor o PMDB sem a minha pessoa. Hoje, ele é a metade do que foi sem a minha pessoa. São coisas da política, que acontece, que a gente tem de aceitar, tocar o barco para frente e seguir a luta.

GO - Então, para 2010, pode se prever a substituição de Garibaldi pelo nome de Wilma para o Senado, com o seu apoio?

JP - Tudo é possível. Muito embora a governadora não tenha valorizado o município de Apodi. Ela fez algumas obras e paralisou muitas promessas que têm traumatizado a população de Apodi. As coisas não estão muito bem, precisamos ir junto ao eleitorado e futuro prefeito para sabermos o que vamos fazer com relação a senador, deputado estadual para vermos o que é melhor para Apodi.

GO - Politicamente, o senhor acha que a governadora não tem agido bem com Apodi?

JP - Ela afastou-se dos benefícios que poderia trazer para Apodi. Ela prometeu a estrada que liga a Barragem de Santa Cruz à BR-405 e não fez, essa ponte que a água levou até agora não foi recuperada. Também a criação de alevinos, que há mais de dois anos estamos tentando e não se consegue fechar. O saneamento de Apodi está sendo uma coisa desastrosa, porque ela prometeu fazer isso em uma obra de 30% do saneamento, em dois anos, e a população tem sentido muito esse comportamento da governadora com relação a Apodi.

GO -Qual o futuro projeto político de Pinheiro?

JP - Vou voltar à vida médica, por mais alguns anos. Permanecerei em Apodi. Já vou mandar fazer meu túmulo, deixar pronto para quando morrer. Dizia muito que quando fossem me enterrar queria tocando uma lambada. Vou permanecer lá, dando minha colaboração.

GO - O projeto de ser candidato estadual está sepultado?

JP - Não. Tudo é possível. Há um sentimento muito grande dos nossos amigos em me levar para a AL. Muito embora eu não tenha muita aptidão para o Legislativo. Mas tudo é possível e não podemos fechar as portas.

GO - O senhor teve uma atuação importante na questão da habitação popular...

JP - Não resta dúvida que o município tem uma carência muito grande de habitação. Hoje eu acredito que ainda temos duas mil famílias sem ter onde morar, mas o número já diminuiu, pois na minha primeira administração tínhamos aproximadamente três mil e oitocentas famílias sem habitação. Trouxemos recursos federais para sanarmos esse problema. Hoje temos vários conjuntos que têm trazido muitos benefícios para essas famílias de Apodi. Vamos ampliar um deles com mais 36 casas. A parte de pavimentação, quando iniciamos, tínhamos mais de 70% de ruas sem calçamento. Hoje praticamente toda a cidade está calçada. Isso é um marco, pois o município está situado num terreno arenoso. Com relação à zona rural temos um carinho especial por esses moradores. Construímos várias adutoras, energia elétrica para as comunidades rurais e escolas que construímos para a melhoria da vida das pessoas que residem na zona rural. Das 203 comunidades rurais, mais de 120 estão organizadas em associações. Lá eles discutem, analisam, levam propostas. O nosso associativismo é muito grande, graças ao incentivo da Prefeitura. Tivemos muito cuidado para que essas comunidades se organizassem para ter uma vida melhor.

GO - Ao longo dessa experiência, se um candidato lhe pedisse um conselho?

JP - O que poderia dar é que eles invistam com consciência e humildade, simplicidade. O administrador que não tem responsabilidade com o seu cargo só traz prejuízos e atrasos para o município. O eleitorado tem uma responsabilidade muito grande na escolha do próximo administrador. Tivemos uma administração desastrosa e até hoje estamos pagando pelo que aconteceu. Não queremos que o eleitor regrida, o eleitor deve assumir essas responsabilidades na escolha do próximo administrador.

GO - O futuro administrador vai encontrar uma Prefeitura enxuta, com dinheiro em caixa?

JP - Não sei se com muito dinheiro em caixa, mas com o que a lei de responsabilidade determina. Temos obrigação de deixar tudo pago para que ele não tenha problemas, coisa que eu não encontrei. O administrador que irá chegar terá essa facilidade de encontrar as coisas organizadas. Tudo engrenado. Claro que precisa melhorar e aumentar. São muitas comunidades e isso cria uma dificuldade por conta dos recursos que são alocados, pois não são suficientes para atender à demanda da nossa população...

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