terça-feira, 3 de junho de 2008

Grande consumo de comida não implica obesidade, afirma estudo com vermes


A idéia pode não parecer muito nova para aquelas pessoas conhecidas popularmente como "magros de ruindade", que comem, comem e mesmo assim não engordam.


Segundo um grupo de pesquisadores nos EUA, ficar gordo ou magro pode não ter relação direta com o que as pessoas comem. É o que indicam dados obtidos com vermes de laboratório: sistemas independentes do organismo controlariam, de um lado, o quanto o bicho come e, de outro, quanto ele engorda.

A pesquisa está na edição deste mês da revista científica "Cell Metabolism", e foi coordenada por Kaveh Ashrafi, da Universidade da Califórnia em San Francisco. Ashrafi e seus colegas mostraram que, no verme C. elegans, um dos organismos mais utilizados para estudar biologia básica nos laboratórios, o mensageiro químico dos neurônios conhecido como serotonina atua de forma independente na alimentação e no acúmulo de gordura.

"Não é que a quantidade de comida não seja importante, mas o controle neural da gordura é distinto do que funciona para a alimentação", explicou Ashrafi em comunicado oficial. Se você está se perguntando o que a biologia de vermes tem a ver com a obesidade humana, é bom lembrar que mecanismos como a regulação da energia corporal parecem ser altamente conservados, ou seja, são mais ou menos os mesmos em todos os animais. Portanto, é bem provável que os achados também valham para pessoas.

Perspectiva clínica


"Numa perspectiva clínica, isso pode significar o desenvolvimento de estratégias terapêuticas que manipulem o metabolismo das gorduras independentemente do que as pessoas comem", diz Ashrafi. "Hoje, o enfoque primário é no comportamento alimentar. Embora ele seja importante, é só parte da história. Se a lógica do sistema estiver conservada nas várias espécies, uma estratégia apenas comportamental vai ter efeitos limitados. Essa pode ser uma das razões que explicam o fracasso das dietas", avalia o pesquisador.


Com seu tamanho diminuto e número limitado de células (menos de mil), o C. elegans é o palco perfeito para estudar esses detalhes. Grosso modo, o que os pesquisadores descobriram é que, para controlar sua alimentação, o animal usa a serotonina em receptores (fechaduras químicas que ativam um determinado processo) distintos dos que são usados para o controle da gordura. São alguns subprodutos do controle da gordura que podem fechar o circuito e atuar sobre o comportamento de alimentação.


Como os cientistas já dispõem dos dados tanto do genoma humano quanto do genoma do C. elegans, deve ser possível vasculhar os dois conjuntos de DNA em busca de genes de origem comum, que possam estar envolvidos nesse processo


Fonte: G1

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