segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

O desabafo de um profissional.


Polêmica a parte, tomo um café igualmente rebelde, com tudo que aumenta o maldito colesterol, benzo-me e parto para salutar missão.


Nem bem me sento à mesa de trabalho, alertam-me que a mãe de um estagiário, encaminhado pelo programa "Primeira Chance", desesperada pede nossa interferência para salvar o marido que agoniza na UTI de um hospital local, necessitando urgente de uma cirurgia para colocar um tal de "Stentil" sei o que no coração que custa 12 mil reais.

Desviei toda minha atenção para a aflição da família e procurei entender o problema. "É isso mesmo, vendemos o que tinha em casa, televisão, bujão de gás e outras burundangas para pagar os exames que o homem deixou por 2.300 reais, abatendo 200 reais, mas a cirurgia não temos como pagar e queria ver se o senhor pode falar com alguém para facilitar..."

Estou relatando o fato, duas horas depois e a manhã toda não tenho concentração para outra coisa.

Desculpem, desculpem, perdoem, mas fiquei resmungando e maldizendo o estado, bando de filho da puta, seus bostas, seus merdas, seus porras, como é que vocês deixam morrer a míngua um cidadão, só porque não tem dinheiro para pagar, para comprar a vida e continuei a esculhambação..." Mas atentem, desabafando para mim mesmo.

Os encargos trabalhistas do país são escrachantes, os maiores do mundo, impostos, taxas, contribuições e outros achaques também são as maiores do mundo.

E o que recebemos em troca: Insegurança, estradas esburacadas, escolas decadentes, saúde aos frangalhos.

Ainda reclamamos quando não conseguimos impor respeito mundo a fora, sendo ridicularizados como país que se destaca mais pelas belas mulheres, por sinal muito dignas registre-se, porém temos também inúmeros predicados que merecem menção.

Repito, repito à exaustão estão brincando com fogo e certamente, as labaredas das profundezas certamente estão esperando pelos torturadores do povo brasileiro.
Fonte: Gazeta do Oeste:

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