domingo, 3 de maio de 2009

A gripe

Suína, mexicana, norte-americana – ainda não se chegou a um acordo sobre o nome definitivo que ganhará o surto de gripe que preocupa o mundo, provocado pelo vírus A/H1N1. O que se sabe com certeza é que a história da palavra atesta o quanto é antigo o contágio entre línguas.

A epidemia de gripe que se espalhou pela Europa a partir da Itália, em 1743, provocou em seu rastro a disseminação de dois nomes para a doença: o francês grippe e o italiano influenza. O primeiro é a forma nominal do verbo gripper, “agarrar”, talvez numa referência ao modo súbito como o vírus se apodera do organismo. O segundo – substantivo derivado do latim medieval influentia, “influência dos astros sobre os homens” – provavelmente ganhou seu sentido médico devido ao hábito de se atribuir a essa causa qualquer problema de saúde.

Curiosamente, embora exista em inglês a palavra grip com o mesmo sentido original do termo francês, foi o italiano influenza que acabou vingando no idioma de Barack Obama, no qual ganhou em meados do século 19 o apelido (carinhoso?) de flu. O holandês e o húngaro, entre outras línguas, também foram por esse caminho. Já o português e o espanhol, além do polonês e do turco, seguiram a forma francesa.

Como vírus não costumam respeitar fronteiras, nomear epidemias será sempre assunto polêmico. A pandemia de 1918, a pior da história, começou provavelmente nos Estados Unidos e só ganhou o nome de Gripe Espanhola porque, como a Espanha não participava da Primeira Guerra e sua imprensa estava livre da censura, surgiram lá as primeiras notícias sobre as mortes em série que ocorriam na Europa.

O México alega que o vírus veio de algum lugar da “Eurásia”. Como ele ainda não foi isolado em nenhum porco do mundo, é difícil situar sua origem geográfica. Mas esse tipo de batismo raramente leva em conta a justiça.

Fonte: Sergio “Revista da Semana” da Ig.

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