terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Obama prega 'cultura da responsabilidade'


Barack Obama, 47 anos, toma posse nesta terça (20) como o 44º presidente dos EUA. O primeiro de origem negra.

No discurso inaugural, Obama vai convidar o país a abraçar a cultura da responsabilidade.

Será uma resposta à era de excessos que, a seu juízo, fomentou a maior crise financeira dos EUA desde a grande depressão dos anos 30.

A posse de Obama está cercada de simbolismos. A começar do juramento, previsto para o meio-dia (15h no horário de Brasília).

Obama vai jurar respeito à Constituição americana com a mão reposada sobre a bíblia que pertenceu a Abraham Lincoln.

O gesto será executado do lado oposto ao monumento do memorial de Lincoln, no mesmo local onde, há 45 anos, discursou Martin Luther King Jr.

Foi nesse discurso que Luther King convocou a nação a julgar seu povo pelo caráter, não pela cor da pele. Um sonho que a eleição de Obama tornou real.

A multidão presente à cerimônia pode ser a maior já reunida na história da capital americana e a platéia deve alçar à casa dos 2 milhões.

Sem contar a legião que assistirá à posse pela TV, ao redor do mundo. Será, estima o WSJ, "a maior celebração de posse de um presidente da história americana".

Coisa "equivalente ou até mesmo mais grandiosa que a Marcha para Washington liderada por Martin Luther King em 1963, a posse de Lyndon Johnson, em 1965, e os protestos contra a guerra do Vietnã no fim da década de 60".

Nesta segunda (19), véspera da posse, Obama passou o dia celebrando o aniversário de Martin Luther King. Marcou a data como um dia de trabalho comunitário.

Calça jeans, camisa branca, mangas arregaçadas, Obama homenageou Luther King pintando uma abrigo de meninos de rua (veja foto lá no alto).

Obama ensaiou a mensagem que vai ler no seu juramento: depois de uma amarga divisão partidária, chegou a hora da união dos americanos.

Uma unidade que precisa materializar-se na forma de uma nova cultura do serviço comunitário.

"Diante da crise que enfrentamos e das dificuldades experimentadas por todos, não podemos nos dar ao luxo de ficar com as mãos desocupadas", disse.

"Todos têm de se envolver. Todos terão de contribuir. E acho que o povo americano está preparado para isso."

Não se espera que Obama toma nenhuma decisão nesta terça. O trabalho só começa na quarta. Sua assessoria antecipou alguns dos primeitos atos:

1. Ordenará à equipe de segurança nacional que prepare retirada das tropas do Iraque em 16 meses. Uma de suas principais promessas de campanha;

2. Nos próximos dias, assinará decretos determinando o início do processo de fechamento da prisão de Guantánamo, em Cuba;

3. Recverterá restrições impostas por George Bush ao financiamento estatal de pesquisas com céluas-tronco;

4. Vai restabelecer um programa de financiamento de programas de planejamento familiar no exterior.

Com essas providências, Obama pretende demarcar com nitidez as diferenças entre a nova gestão e os desatrosos anos da administração Bush, que desce ao verbete da enciclopédia como uma das mais impopulares da história dos EUA.

Na seara econômica, noves foras os esforços que empreenderá para aprovar um novo pacote de mais de US$ 800 bilhões, Obama deve concentrar-se na transparência.

Planeja editar novas regras para forçar os beneficiários de socorro do governo a dar informar com maior clareza como estão sendo utilizados os recursos públicos.

Pretende, de resto, pressionar as instituições financeiras a transferir de seus cofres para a economia real as verbas recebidas do Estado.

O primeiro compromisso de Obama nesta terça (20) será um café da manhã na Casa Branca, com Bush.

Depois do juramento, participará de um almoço no Congresso e de uma parada de bandas de estudantes do segundo grau.

Os festejos da posse terminam à noite, com dez bailes oficiais e um incontável número de festas extra-oficiais.

Derrotado por Obama na campanha presidencial, o senador republicano John MacCain é um dos personagens que estarão sentados atrás de Obama na hora do julgamento.

O convite a McCain é parte da estratégia do substituto de Bush para sinalizar na direção da pretendida união nacional.

Nesta segunda (19), em suas aparições públicas, Obama preocupou-se em realçar o tema da unidade.

Num encontro com estudantes de uma escola de Washington, ele disse: "Estou fazendo uma promessa para vocês, como novo presidente, de que vamos colocar o governo para funcionar..."

"...Mas não posso fazer isso sozinho. Michele [mulher de Obama] não pode fazer isso sozinha. Há um limite para o que o governo pode fazer. Se ficarmos esperando que alguém faça alguma coisa, as coisas nunca são feitas".

Um comentário:

Anônimo disse...

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