Um parecer técnico da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) confirma que a empresa de carcinicultura Veríssimo & Filhos foi a responsável pela mortandade de peixes ocorrida em julho de 2007 nos rios Potengi e Jundiaí, como foi apontado em laudo anterior do Instituto de Defesa do Meio Ambiente (Idema).
O auto de infração do Idema expressava que houve lançamento de efluentes líquidos nos dias 27 e 28 de julho de 2007, ‘‘com elevada carga de matéria orgânica, sem tratamento’’, originário da despesca de um viveiro de camarão diretamente no rio Jundiaí, efluente do rio Potengi, ‘‘o que ocasionou a mortandade de grande quantidade de peixes e de outros organismos aquáticos’’.
O documento aponta que ‘‘se não houvesse tantos poluentes’’ no estuário dos rios Potengi e Jundiaí ‘‘o lançamento de efluentes da despesca de um viveiro de camarões não seria capaz de causar a mortandade de peixes verificada’’, no entanto, nas condições em que se encontrava o estuário nos dias do acidente, a sobrecarga lançada foi ‘‘certamente o fator causal do acidente’’.
O coordenador da equipe que preparou o parecer, Graco Aurélio Câmara Viana, falou que a Veríssimo & Filhos não é a principal vilã no lançamento dos poluentes, mas naquele dia ela foi ‘‘a principal responsável pela mortandade’’.
‘‘O Potengi está com uma carga de poluentes totalmente comprometida. A despesca da fazenda só exacerbou essa poluição. Como aquicultor, fico triste quando um acidente ambiental envolve uma fazenda de camarão, mas infelizmente essa é a realidade’’, disse Graco Viana.
O parecer ainda diz que a alegação da Veríssimo & Filhos de que o lançamento de despejos no rio Jundiaí pela Imunizadora Potiguar seria a causa do acidente ‘‘não se sustenta’’.
De acordo com os professores, as cargas lançadas pela imunizadora são ‘‘relativamente pequenas’’ quando comparadas aos outros lançamentos nos dois rios.
Os professores atestaram que além da concetração de poluentes da imunizadora ser moderada, a vazão praticada era pequena. Eles informaram que suposição da responsabilidade da imunizadora pelo crime ambiental já tinha sido descartada em uma perícia de outubro do ano passado, também feita por professores da UFRN para instruir um inquérito do Ministério Público.
O professor Graco disse que, independente do acidente, o rio Potengi precisa de um estudo completo para se quantificar com mais precisão a quantidade de poluentes lançada nele.
‘‘A sociedade de uma maneira geral precisa tomar consciência da brutalidade com que o Potengi é agredido’’, alertou.
Memória
Em 29 de julho de 2007, milhares de peixes e frutos do mar apareceram mortos nas margens e no mangue do rio Potengi. O desastre ecológico atingiu cerca de 40 toneladas de pescado, provocando desespero nos pescadores que retiravam do rio o seu sustento.
Após o resultado de exames encomendados pelo Idema, a empresa de carcinicultura Veríssimo e Filhos foi apontada como responsável pelo crime ambiental. O motivo apontado foi uma despesca feita dias antes da mortandade ocorrer.
Fonte: DN Oline.
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