Uma em cada três pacientes diagnosticadas com câncer de mama no Brasil já se encontra no estágio mais avançado da doença. A conclusão é de levantamento inédito da ONG Grupo Brasileiro de Estudos do Câncer de Mama (GBECAM), que entrevistou 4.912 pacientes de 28 centros públicos, privados e filantrópicos em 14 cidades brasileiras.
De acordo com dados da ONG, 36% das mulheres ouvidas descobriram estar doentes já em estado grave. Dessas, só 35% encontraram sobrevida de pelo menos cinco anos no serviço público de saúde. Já na rede privada, 60% conseguiram esse período mínimo de sobrevida.
O levantamento também traça o perfil da paciente com câncer de mama no Brasil: mulher de 59 anos, sem ter, necessariamente, histórico familiar da doença em parentes de primeiro grau.
Para o oncologista e presidente da GBECAM, Sérgio Daniel Simon, o resultado impressiona os médicos. "Esses dados foram surpreendentes, uma vez que existia um folclore entre os oncologistas brasileiros de que a mulher brasileira seria afetada pelo câncer de mama em idade muito mais jovem do que as americanas. Nos Estados Unidos, a idade média é de 61 anos", afirma.
O resultado do tratamento nas redes de saúde pública e privada também é tema abordado na pesquisa e indica o despreparo do Estado.
De acordo com o levantamento da GBECAM, a sobrevida de pacientes do SUS que tiveram a doença (no início ou em fase já avançada) diagnosticada em 2001 e foram reavaliadas em 2006 foi 10% inferior à das pacientes do sistema privado.
A utilização de terapias biológicas no tratamento de tumores na rede pública também é precária. Só 5,6% das pacientes são tratadas pelo método, contra 56% nos hospitais privados.
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