domingo, 15 de março de 2009

( Prar Rir ) A funcionária


- Olha, meu chapa, o negócio é o seguinte: não vou poder trabalhar no sábado à noite porque estarei menstruada - disse Rosilene ao seu cafetão.

- O quê?!? Que mané menstruada é esse? Donde já se viu puta recusar cliente? - respondeu Geraldão.

- É isso mesmo que você ouviu: m-e-n-s-t-r-u-a-d-a. E tem mais, a próxima vez que você me encher a cara de porrada eu tomarei providências. Irei primeiramente na Delegacia das Mulheres e darei entrada em um processo. Além de você responder criminalmente pelos seus atos, eu darei entrada em uma licença no Ministério do Trabalho, você terá que arcar com as minhas despesas e eu ficarei em casa descansando.

- Como é que é? - perguntou Geraldão, perplexo. Você nem carteira de trabalho tem.

- Não tenho do verbo quero ter e é agora. Já tô com ela na mão pra você assinar tudo direitinho. E tem mais: se me perturbar muito, vou processar você pelos 6 anos que trabalhei sem os meus direitos. Ah! E se quiser me comer, vai ter que pagar que nem os outros clientes, porque também processo você por assédio sexual. Já assinou a carteira? Anda logo, porque tenho que ir ao banco abrir uma conta-salário.

- Conta-salário? Que merda é essa?

- Se você não sabe, eu vou explicar direitinho: conta-salário é onde você depositará os meus proventos. Quero ganhar um fixo de R$ 500,00 e mais comissão de 50% sobre cada cliente. As minhas férias serão em dezembro e mensalmente quero receber um auxílio-doença para poder fazer exames ginecológicos. O exame da AIDS é gratuito, você não gastará nada, mas, por outro lado, quero receber também uma verba-insalubridade para os dias de muito frio e chuva - disse Rosilene, cheia de dignidade.

- Mas eu nem sei o que é proventos e insalu o quê. Como é que eu vou poder fazer isso tudo se nem eu mesmo tenho carteira ou, nesse caso, uma firma - respondeu Geraldão, já perdendo a paciência.

- Como você vai fazer eu não sei, mas quero os meus direitos e é agora. Chega de exploração. Acho bom você resolver esse assunto agora porque eu sou capaz de fazer uma verdadeira revolução. Eu e as demais meninas faremos greve e piquetes. Vai ser tão bom, finalmente eu vou poder participar de passeatas, gritando palavras de ordem: "Piranhas unidas, jamais serão vencidas", "Não fique aí parada, você é explorada" - respondeu Rosilene, com um certo ar de CUT -. Já conversei com a companheira Heloisa Helena e ela ficou de vir à inauguração do SPGPEA. O Fernando Gabeira, nosso anjo protetor, também virá para dar uma força.

- Mas o que é isso? - perguntou Geraldão, já sem ar.

- Sindicato das Putas, Garotas de Programa e Afins - respondeu Rosilene, cheia de moral.

- Quem é afins? - quis saber Geraldão.

- Ah! o "afins" abrange muita gente: ex-BBBs, modelos que engravidam de jogadores de futebol e pagodeiros, ex-namoradas de ex-BBBs, ou seja, as putas que deram certo na vida. As famosas que saem nas revistas. Com a contribuição delas, nosso sindicato será muito forte, tenho fé em Deus - respondeu a nossa revolucionária.

- Bom, você realmente não quer que eu seja feliz. Deixa isso pra lá, neguinha. Pode deixar, a partir de hoje você tá livre de mim, vou vender paçoca nas barracas de praia. Eu não entendo nada dessas coisas e não serei eu que resolverá o seu problema. Vou ser autônomo agora, só eu e São Jorge, mas me diz uma coisa: de vez em quando posso dar umazinha em nome da nossa velha amizade?

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