Já foi tema de documentário de 30 minutos na BBC de Londres. Ocupou páginas de revistas e jornais de circulação nacional e internacional. Foi tema de inúmeras reportagens na TV e em vários outros veículos de comunicação do Brasil.
É fonte inesgotável de conhecimento científico para centenas de pesquisadores, inclusive as mais respeitadas do mundo. Recebe, por mês, até 700 visitantes, dos quais 90% são estudantes e professores.
O Lajedo de Solenidade, que antes era conhecido como Letreiros de Soledade, está entre os maiores sítios arqueológicos do Brasil, reconhecido hoje no mundo inteiro, especialmente pela comunidade científica.
Porém, há menos de 50 anos, a região da Chapada do Apodi, onde está localizado, era apenas um local ideal para extração de pedra calcária para fabricação de cal e calçar as ruas da cidade de Apodi. Ou seja, não se reconhecia o valor científico, histórico e cultural das áreas rochosas chamadas Urubu, Araras e Olho D'água.
A primeira é conhecida por Urubu por ter formações rochosas escuras, pontiagudas e várias cavernas.
A segunda, por ter gravuras feitas há centenas de anos, muitas parecidas com araras, nas áreas abertas pela força das águas no decorrer dos séculos.
A terceira, por ter olho d'água aflorando em várias partes. Nas três são encontrados ossos calcificados de animais que viveram há mais de 100 milhões de anos.
E quem tentasse alertar para o valor científico, cultural e até econômico para a região era duramente criticado e, às vezes, até ameaçado. É o caso da professora aposentada e advogada Maria Auxiliadora da Silva Maia, que, ainda quando estudava o primário, em 1966, teve acesso a um livro do padre Pedro, escrito no século XVI, relatando a presença de pinturas rupestres e ossos calcificados de animais que viveram no período glacial, como o tigre-dentre-de-sabre, o tatu e a preguiça-gigante, entre vários outros, na região da Chapada do Apodi.
Maria Auxiliadora, ou simplesmente "Dodora", que também é poetisa e advogada, lembra que, no período de 1966 a 1978, por diversas vezes tentou convencer os moradores da localidade que sobreviviam da quebra de pedras sobre a importância de preservar aquele patrimônio. Em vão. Em 1978, conseguiu um grande reforço na sua luta.
Tornou-se professora, e a sala de aula passou a ser sua tribuna de defesa do lajedo. Ela convencia as crianças a falar com os pais para não destruir o lajedo. Ela lembra que chegou a ser ameaçada pelos quebradores de pedras até com bananas de dinamite.
Dodora continuou sozinha na luta até 1990. O Lajedo ficou conhecido como "a poesia de pedra de Dodora". "Eu sabia que o professor Vingt-un Rosado havia feito pesquisas, mas esse pesquisador não levantou a bandeira do local. O geólogo Geraldo Gusso foi o primeiro a pesquisar de fato o lajedo.
Foi ele quem ajudou na demarcação de 10 hectares das áreas de formação rochosa com maior valor científico e cultural, em 1988", conta Dodora, que na década de setenta já se pensava no local para desenvolver a região a partir do turismo ecológico ou científico.
De 1990 a 1993, através do geólogo Paulo Tadeu de Sousa, a Petrobras passou a investir no local. Construiu museu, capacitou guias e ajudou Dodora a criar a Fundação Amigos do Lajedo de Soledade (FALS) para administrar os recursos. Em 2001, começou a implantação da segunda etapa do projeto, que consistiu em capacitar os moradores a produzir artesanato e foi construído o Centro de Atividades do Lajedo.
Mesmo sem um posto policial ou estrutura de saúde adequada, o Lajedo de Soledade recebeu mais de 80 mil pessoas de 1993 a 2009. O guia Cláudio José Alves de Sena conta que mais de 90% das pessoas que visitam o Lajedo são estudantes secundaristas e universitários do Rio Grande do Norte, Ceará, Paraíba e Pernambuco.
"Em média, recebemos de 600 a 700 visitas/mês. Temos estrutura para receber até dois mil/mês, se for feita reserva", conta o guia Cláudio Sena, lembrando que hoje o principal aliado de Dodora pela preservação do Lajedo é a comunidade.
Como desenvolver a partir do turismo sustentável
Que o Lajedo de Soledade é uma fonte de renda formidável, ninguém duvida. Então, por que o município não se desenvolve a partir do turismo ecológico ou científico de maneira sustentável? Quem responde é a mesma pessoa que idealizou, há mais de 40 anos, o Lajedo como fonte de renda para o município: Maria Auxiliadora, ou simplesmente "Dodora".
Dodora há quinze dias foi convidada pela prefeita Gorete Pinto (PMDB) para assumir a Secretaria de Turismo do Município. Ela disse que a cidade precisa oferecer outras opções turísticas, investir em infraestrutura (posto policial na localidade do Lajedo de Soledade) e principalmente melhorar a culinária.
A secretária reclama que atualmente Apodi é apenas um lugar formidável de passagem, com uma breve visita no Lajedo de Soledade. É muito pouco. "Precisamos oferecer ao nosso visitante mais estrutura e lazer, para que ele venha e permaneça na cidade por mais tempo, ao menos um final de semana bem acomodado, com opções de lazer, cultura e culinária", destaca Dodora.
Dodora diz que é a Barragem de Santa Cruz, que fica do outro lado da cidade, é uma excelente opção de lazer. Porém, o local não tem estrada de acesso e nem tem estrutura adequada para receber turistas.
O empresário do ramo de hotelaria e restaurante Francisco Valdivino, "Xixico", concorda com a secretária Dodora e acrescenta a necessidade de o Governo construir a Rodovia Transchapadão, que permitiria o acesso do potiguar ao Ceará e do cearense à região Oeste do Rio Grande do Norte.
É fonte inesgotável de conhecimento científico para centenas de pesquisadores, inclusive as mais respeitadas do mundo. Recebe, por mês, até 700 visitantes, dos quais 90% são estudantes e professores.
O Lajedo de Solenidade, que antes era conhecido como Letreiros de Soledade, está entre os maiores sítios arqueológicos do Brasil, reconhecido hoje no mundo inteiro, especialmente pela comunidade científica.
Porém, há menos de 50 anos, a região da Chapada do Apodi, onde está localizado, era apenas um local ideal para extração de pedra calcária para fabricação de cal e calçar as ruas da cidade de Apodi. Ou seja, não se reconhecia o valor científico, histórico e cultural das áreas rochosas chamadas Urubu, Araras e Olho D'água.
A primeira é conhecida por Urubu por ter formações rochosas escuras, pontiagudas e várias cavernas.
A segunda, por ter gravuras feitas há centenas de anos, muitas parecidas com araras, nas áreas abertas pela força das águas no decorrer dos séculos.
A terceira, por ter olho d'água aflorando em várias partes. Nas três são encontrados ossos calcificados de animais que viveram há mais de 100 milhões de anos.
E quem tentasse alertar para o valor científico, cultural e até econômico para a região era duramente criticado e, às vezes, até ameaçado. É o caso da professora aposentada e advogada Maria Auxiliadora da Silva Maia, que, ainda quando estudava o primário, em 1966, teve acesso a um livro do padre Pedro, escrito no século XVI, relatando a presença de pinturas rupestres e ossos calcificados de animais que viveram no período glacial, como o tigre-dentre-de-sabre, o tatu e a preguiça-gigante, entre vários outros, na região da Chapada do Apodi.
Maria Auxiliadora, ou simplesmente "Dodora", que também é poetisa e advogada, lembra que, no período de 1966 a 1978, por diversas vezes tentou convencer os moradores da localidade que sobreviviam da quebra de pedras sobre a importância de preservar aquele patrimônio. Em vão. Em 1978, conseguiu um grande reforço na sua luta.
Tornou-se professora, e a sala de aula passou a ser sua tribuna de defesa do lajedo. Ela convencia as crianças a falar com os pais para não destruir o lajedo. Ela lembra que chegou a ser ameaçada pelos quebradores de pedras até com bananas de dinamite.
Dodora continuou sozinha na luta até 1990. O Lajedo ficou conhecido como "a poesia de pedra de Dodora". "Eu sabia que o professor Vingt-un Rosado havia feito pesquisas, mas esse pesquisador não levantou a bandeira do local. O geólogo Geraldo Gusso foi o primeiro a pesquisar de fato o lajedo.
Foi ele quem ajudou na demarcação de 10 hectares das áreas de formação rochosa com maior valor científico e cultural, em 1988", conta Dodora, que na década de setenta já se pensava no local para desenvolver a região a partir do turismo ecológico ou científico.
De 1990 a 1993, através do geólogo Paulo Tadeu de Sousa, a Petrobras passou a investir no local. Construiu museu, capacitou guias e ajudou Dodora a criar a Fundação Amigos do Lajedo de Soledade (FALS) para administrar os recursos. Em 2001, começou a implantação da segunda etapa do projeto, que consistiu em capacitar os moradores a produzir artesanato e foi construído o Centro de Atividades do Lajedo.
Mesmo sem um posto policial ou estrutura de saúde adequada, o Lajedo de Soledade recebeu mais de 80 mil pessoas de 1993 a 2009. O guia Cláudio José Alves de Sena conta que mais de 90% das pessoas que visitam o Lajedo são estudantes secundaristas e universitários do Rio Grande do Norte, Ceará, Paraíba e Pernambuco.
"Em média, recebemos de 600 a 700 visitas/mês. Temos estrutura para receber até dois mil/mês, se for feita reserva", conta o guia Cláudio Sena, lembrando que hoje o principal aliado de Dodora pela preservação do Lajedo é a comunidade.
Como desenvolver a partir do turismo sustentável
Que o Lajedo de Soledade é uma fonte de renda formidável, ninguém duvida. Então, por que o município não se desenvolve a partir do turismo ecológico ou científico de maneira sustentável? Quem responde é a mesma pessoa que idealizou, há mais de 40 anos, o Lajedo como fonte de renda para o município: Maria Auxiliadora, ou simplesmente "Dodora".
Dodora há quinze dias foi convidada pela prefeita Gorete Pinto (PMDB) para assumir a Secretaria de Turismo do Município. Ela disse que a cidade precisa oferecer outras opções turísticas, investir em infraestrutura (posto policial na localidade do Lajedo de Soledade) e principalmente melhorar a culinária.
A secretária reclama que atualmente Apodi é apenas um lugar formidável de passagem, com uma breve visita no Lajedo de Soledade. É muito pouco. "Precisamos oferecer ao nosso visitante mais estrutura e lazer, para que ele venha e permaneça na cidade por mais tempo, ao menos um final de semana bem acomodado, com opções de lazer, cultura e culinária", destaca Dodora.
Dodora diz que é a Barragem de Santa Cruz, que fica do outro lado da cidade, é uma excelente opção de lazer. Porém, o local não tem estrada de acesso e nem tem estrutura adequada para receber turistas.
O empresário do ramo de hotelaria e restaurante Francisco Valdivino, "Xixico", concorda com a secretária Dodora e acrescenta a necessidade de o Governo construir a Rodovia Transchapadão, que permitiria o acesso do potiguar ao Ceará e do cearense à região Oeste do Rio Grande do Norte.
Fonte: Jornal de Fato.
Nenhum comentário:
Postar um comentário