sábado, 3 de outubro de 2009

O diabo venceu

Muitos pensam que isso é coisa de novela, não ligam. Devem ligar. Não se brinca com a estupidez do povo. O Brasil é um país mentalmente atrasado, é um país de pessoas de refinada pobreza mental. Esse tipo de gente acredita em tudo que lhe for dito como verdade.

Do que trato? Do final da novela Paraíso, terminada neste fim de semana na tela da Globo. Nessa novela, o enredo básico era a velha fórmula do amor desencontrado. No caso, o amor do fazendeiro Zeca pela Santinha, filha de um fazendeiro vizinho. Toda a novela gira em torno dessa bobagem, do desencontro amoroso dos dois. Pois bem, o pai do Zeca durante muito tempo teve guardado dentro de uma garrafa uma imagem do diabo. Falava com o diabo, pedia conselhos a ele, pedia favores ao diabo engarrafado... etc, etc.

Num certo dia, já quase no fim da novela, o pai do rapaz, do tal de Zeca, dá ao filho de presente a garrafa com o diabo dentro. O que faz o Zeca? Pede "ajuda" ao diabo para conquistar e casar com a Santinha. Dito e feito, Zeca é atendido, Santinha foge do noivo e monta num cavalo na garupa do Zeca, somem no mato. Fim da novela.

Ora, essa "brincadeira" do autor da novela não se faz. Ficou a ideia para muitos de crânio mole de que o diabo pode ser invocado para ajudar em necessidades especiais. Sim, eu sei, há farta literatura internacional sobre essa invocação humana ao diabo, sei disso.

Só que tem uma coisa, o que pode ser visto como brincadeira de novela é tomado por muitos de crença fácil como verdade. E a primeira dessas verdades é acreditar no diabo. O diabo não existe, o que existe são diabos humanos. Quer dizer, nós mesmos. Não há demônios fora de nós, nós somos os nossos demônios. Mas isso não é dito, fica a impressão para os de crença mole que, de fato, o diabo está aí para o bem ou para o mal. Diabo para o bem? Pois é, foi a ideia que ficou no final da novela Paraíso.

Vim até aqui, leitor, leitora que não crê em tolices, vim até aqui para dizer que o bem e o mal estão dentro de nós, não há mais nada fora de nós. Só que essa ideia é incomodatícia para muitos, melhor é achar desculpas, "entidades" fora de si mesmas, é muito mais cômodo.

Ah, esqueci de dizer que a novela Paraíso foi um remake. Na novela original o fazendeiro Zeca também casa com a Santinha, também faz uso do diabo para conquistá-la, mas ela morre no parto. Bem como desconfiava a mãe da Santinha, que via no Zeca um filho do demônio.

Desta vez, todavia, tudo acaba "bem", o diabo vence... Cruzes. Com informação de Luz Prestes.

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