Está em uso no Brasil desde fevereiro, após ter sido aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), do Ministério da Saúde, um dispositivo para bloquear as trompas e proporcionar à mulher esterilização definitiva sem que se precise fazer qualquer tipo de corte. A novidade, criada por uma empresa americana, vinha sendo usada na Europa desde 2001 e nos Estados Unidos desde 2002.
O dispositivo constitui-se de uma espécie de "molinha" da espessura de um fio de cabelo, feita de aço inoxidável e revestida por uma capa de níquel-titânio. Tem cerca de 4 centímetros de comprimento. É posto nas trompas por histeroscopia, técnica endoscópica para visualização da cavidade uterina: introduz-se na vagina um histeroscópio, aparelho pelo qual entra um fio-guia (cateter) que conduz o dispositivo e o deposita na porção inicial das trompas. Então, os tecidos locais reagem à presença do corpo estranho e inflamam. Forma-se tecido cicatricial, que em três meses deve fechar a trompa, impedindo que o óvulo se encontre com os espermatozoides e tornando a mulher estéril.
Até então, a esterilização feminina era feita só por laqueadura tubária, cirurgia pela qual se cortam e se amarram as pontas das tompas para impossibilitar o encontro do óvulo com os espermatozoides. Os cortes, em todas as técnicas cirúrgicas, em geral são pequenos, mas a laqueadura sempre é feita em hospital, porque, como qualquer outro tipo de cirurgia, apresenta riscos. Primeiro, pelo fato de a mulher tomar anestesia geral ou raquidiana; depois, porque se abre seu ventre e há o perigo de contaminação; e, finalmente, pelo fato de poder ocorrer hemorragia e até a perfuração de órgãos.
A histeroscopia, ao contrário, quase não tem riscos. Mas o ideal é fazê-la em ambulatório, ou seja, um consultório dentro de hospital; assim, caso haja alguma emergência, tem-se à disposição a estrutura hospitalar. Em geral dispensa anestesia, mas, caso a paciente se sinta incomodada, pode-se usá-la localmente no colo do útero, por exemplo. Além disso, tem as vantagens de não durar mais do que 20 minutos e de não se precisar fazer nenhum corte, já que se usa os orifícios naturais da mulher.
O procedimento é realizado depois da menstruação e a mulher deve se certificar, por meio de teste, de que não está grávida. A simples colocação do dispositivo nas trompas, entretanto, não garante a imediata esterilização. Afinal, como disse, o organismo leva três meses para reagir, inflamar, criar tecido cicatricial e obstruir as trompas. Desse modo, nesse período o casal deve se prevenir com outro método anticoncepcional, como a pílula ou mesmo o preservativo, por exemplo. Passados os três meses, a mulher volta ao médico e faz histerossalpingografia, exame radiológico do útero e das trompas. O teste revela se houve ou não o bloqueio total das trompas. Caso não tenha havido, ela ainda pode engravidar. Assim, precisa realizar o procedimento de novo ou adotar outro método anticoncepcional.
A esterilização, neste caso, é definitiva e irreversível. Mas nem toda mulher pode esterilizar-se no Brasil. Pela legislação, só podem fazê-lo mulheres com 25 anos ou mais ou que já tenham pelo menos dois filhos vivos.
* Bárbara Murayama (30), médica ginecologista e obstetra na capital paulista, é especialista em Endoscopia Ginecológica, com ênfase em Histeroscopia, pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), e instrutora nos cursos de Histeroscopia do Instituto Europeu de Ciências Endoscópicas, de São Paulo. E-mail: barbara@gergin.com.br
O dispositivo constitui-se de uma espécie de "molinha" da espessura de um fio de cabelo, feita de aço inoxidável e revestida por uma capa de níquel-titânio. Tem cerca de 4 centímetros de comprimento. É posto nas trompas por histeroscopia, técnica endoscópica para visualização da cavidade uterina: introduz-se na vagina um histeroscópio, aparelho pelo qual entra um fio-guia (cateter) que conduz o dispositivo e o deposita na porção inicial das trompas. Então, os tecidos locais reagem à presença do corpo estranho e inflamam. Forma-se tecido cicatricial, que em três meses deve fechar a trompa, impedindo que o óvulo se encontre com os espermatozoides e tornando a mulher estéril.
Até então, a esterilização feminina era feita só por laqueadura tubária, cirurgia pela qual se cortam e se amarram as pontas das tompas para impossibilitar o encontro do óvulo com os espermatozoides. Os cortes, em todas as técnicas cirúrgicas, em geral são pequenos, mas a laqueadura sempre é feita em hospital, porque, como qualquer outro tipo de cirurgia, apresenta riscos. Primeiro, pelo fato de a mulher tomar anestesia geral ou raquidiana; depois, porque se abre seu ventre e há o perigo de contaminação; e, finalmente, pelo fato de poder ocorrer hemorragia e até a perfuração de órgãos.
A histeroscopia, ao contrário, quase não tem riscos. Mas o ideal é fazê-la em ambulatório, ou seja, um consultório dentro de hospital; assim, caso haja alguma emergência, tem-se à disposição a estrutura hospitalar. Em geral dispensa anestesia, mas, caso a paciente se sinta incomodada, pode-se usá-la localmente no colo do útero, por exemplo. Além disso, tem as vantagens de não durar mais do que 20 minutos e de não se precisar fazer nenhum corte, já que se usa os orifícios naturais da mulher.
O procedimento é realizado depois da menstruação e a mulher deve se certificar, por meio de teste, de que não está grávida. A simples colocação do dispositivo nas trompas, entretanto, não garante a imediata esterilização. Afinal, como disse, o organismo leva três meses para reagir, inflamar, criar tecido cicatricial e obstruir as trompas. Desse modo, nesse período o casal deve se prevenir com outro método anticoncepcional, como a pílula ou mesmo o preservativo, por exemplo. Passados os três meses, a mulher volta ao médico e faz histerossalpingografia, exame radiológico do útero e das trompas. O teste revela se houve ou não o bloqueio total das trompas. Caso não tenha havido, ela ainda pode engravidar. Assim, precisa realizar o procedimento de novo ou adotar outro método anticoncepcional.
A esterilização, neste caso, é definitiva e irreversível. Mas nem toda mulher pode esterilizar-se no Brasil. Pela legislação, só podem fazê-lo mulheres com 25 anos ou mais ou que já tenham pelo menos dois filhos vivos.
* Bárbara Murayama (30), médica ginecologista e obstetra na capital paulista, é especialista em Endoscopia Ginecológica, com ênfase em Histeroscopia, pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), e instrutora nos cursos de Histeroscopia do Instituto Europeu de Ciências Endoscópicas, de São Paulo. E-mail: barbara@gergin.com.br
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