terça-feira, 29 de julho de 2008

Consumo em alta preocupa mercado de arroz e feijão

Se não cuidar bem da produção de arroz e de feijão, os principais produtos básicos consumidos no país, o Brasil vai ter sérios problemas de abastecimento nos próximos anos. Mais emprego, crescimento da renda e programas sociais do governo vão elevar o consumo, mesmo com eventuais substituições desses produtos com a chegada de novos hábitos alimentares a parte da sociedade brasileira.

Nos próximos dois anos, o consumo de arroz deve subir para 14 milhões de toneladas, e o de feijão, para 4 milhões. As previsões são de Vlamir Brandalizze, especialista da Brandalizze Consulting nesses dois produtos.


Se confirmados, esses volumes indicam elevações de 17% e 25% em relação aos patamares atuais, 12 milhões e 3,2 milhões, respectivamente.


O Brasil terá de elevar a produção porque a busca externa desses produtos para complementar o consumo interno será muito difícil. O principal feijão consumido no Brasil, o carioquinha, não é a opção prioritária de produção em outros países.


No caso do arroz, a produção mundial, de 430 milhões de toneladas por ano, fica próxima do consumo. Mesmo que haja oferta mundial maior nos próximos anos, os maiores crescimentos de consumo estão ocorrendo na Ásia, exatamente onde também estão os maiores produtores. Ou seja, a nova oferta adicional do produto pode ficar nos próprios países produtores, afirma Brandalizze.


Produtos "sensíveis" O governo está atento a esses problemas. No plano de safra deste ano, elegeu quatro produtos como "sensíveis" e que merecem tratamento especial do Ministério da Agricultura.


Entre eles estão o arroz e o feijão, itens de destaque no bolso dos consumidores e na inflação nos últimos 12 meses. Brandalizze diz que este final de ano será o teste de fogo para essa política do governo.


O preço mínimo do feijão passou de R$ 48 para R$ 80 por saca. É remunerador e vai incentivar o plantio. A partir do final de outubro e do início de novembro, esse feijão começa a chegar ao mercado. Se, com a oferta maior, os preços recuarem, o governo deverá estar preparado para absorver eventual excesso momentâneo do produto.


De olho no plantio Se não o fizer, o produtor, desincentivado, vai reduzir o plantio nas demais safras do ano e, conseqüentemente, haverá falta de produto -e nova elevação de preços. "O governo deve começar a fazer caixa para não decepcionar o produtor", afirma Brandalizze.


No caso do arroz, os incentivos do preço mínimo não foram tão significativos. A saca subiu de R$ 22 para R$ 25,80, valor que não cobre os custos de produção, diz Brandalizze.


A passagem do segundo semestre pode ter alguns picos de alta de preço. Os estoques governamentais de feijão são de apenas 4.000 toneladas, enquanto o consumo, que foi fraco neste mês, devido às férias, volta a subir em agosto -deve ficar próximo de 350 mil toneladas.


No caso do arroz, os estoques para a travessia dos próximos seis meses -em fevereiro começa a nova safra- são de 5 milhões de toneladas. O consumo médio mensal é de 1 milhão de toneladas, segundo Brandalizze. O governo tem apenas 1,1 milhão de toneladas nas mãos.


Fonte: Folha Online

Nenhum comentário: