sábado, 15 de maio de 2010

A embalagem confunde

Num texto de propaganda que dizia  “Invista na sua aparência, o retorno é garantido”. Pensando bem isso está errado. 

Quem se cuida, de quem se esmera para passar uma boa imagem e por ela enviar sinais de respeito e posição, tudo bem, nada contra.

O que não pode é a pessoa ser vazia por dentro e andar debaixo de roupas caras, que é o que mais se vê por aí na rua. Quando essas pessoas tiram a roupa – e falo no sentido figurado – mostram-se quem são: nuas. Sem nada por dentro.

Por mais que nos escondamos debaixo de roupas caras, a personalidade sempre vai aflorar, aparecer de modos inadvertido, numa palavra, num gesto, num gosto, numa vulgaridade. Ninguém escapa.

Cuidar da aparência é indispensável para que nos façamos respeitar os outros, mas que não busquemos nas roupas, nos carros, nas joias, mostrar o que não somos. O que somos aparece quando estamos nus...

Também não esqueçamos que a aparência no corpo físico é indispensável para o sucesso. Molambos, descuidados, não vão longe.

Mas é claro que, ao mesmo tempo, é preciso cuidar da imagem “de dentro”, a que na verdade fala mais alto, nos revela. Poucos fazem isso, razão maior de tantos fracassos profissionais e casamentos desfeitos. São apenas imagens que andam.

Qual sua reação se alguém lhe chegasse no dia do seu aniversário com um presente embrulhado num pedaço de jornal, o que você pensaria?

Aposto que pensaria que esse alguém a teria subestimado, imagine um presente de aniversário embrulhado em jornal...

Mas ao abrir o pacotinho você nele encontraria um deslumbrante anel de diamantes... E aí, o que pensaria? Aposto, outra vez, que você diria da sua surpresa, do seu encanto, da sua jubilosa surpresa. E o que teria acontecido? Apenas que você teria, no primeiro momento, julgado o presente pela embalagem. Fazemos o mesmo com pessoas.

As vemos na rua fantasiadas, escondidas debaixo de grifes caras, e as imaginamos ricas ou muito melhor do que são.

Na verdade, essas pessoas costumam valer muito pouco, elas usam das fantasias dos trapos caros para esconder suas pobrezas e desesperos interiores.

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