Sempre estive dividido entre a volúpia de comer bem
e a necessidade de me alimentar com saúde. A gula venceu boa parte das
batalhas.
Nunca hesitei entre um camarão no alho e óleo e um chuchu refogado. Mas a idade aumenta e o desejo de cuidar da saúde cresce.
Aboli a carne de porco há anos, depois de ter lido que era a mais prejudicial. Se algum cientista dizia, devia estar certo. Abandonei os torresminhos, as linguiças, os pernis!
Em minha recente viagem ao Japão, soube que pesquisadores do mundo todo estão estudando a dieta de Okinawa. É o lugar onde mais se vive no mundo. Há gente com mais de 100 anos andando de bicicleta na rua. O que eles comem rotineiramente? Carne de porco! Quase chorei de tristeza pelo tempo perdido! Lamentei-me por todos os lombos assados que desdenhei!
E os ovos? Garantiam que a gema era um veneno para o colesterol. Eu adoro ovo. Mas passei a evitar. Com a maior cara de pau, o mundo cientifico, faz algum tempo, anunciou o contrário: o ovo faz bem! Quem me devolve as omeletes não comidas?
Durante algum tempo, para melhorar o colesterol, eu tomava “ água de berinjela”. Deixa-se a berinjela na água durante a noite e bebe-se em jejum. Não há maneira mais horrenda de começar o dia. No exame seguinte, meu colesterol continuava igual. Óbvio, o culpado era eu:
- Você deve ter exagerado em outras coisas. Se não fosse a berinjela, teria piorado! – acusou-me o médico alternativo.
-Você não é um bezerro! – explicou delicadamente o tal médico – Pare com o leite de vaca. Depois soube que o cálcio do leite animal é importante para os ossos! Em quem acredito?
Já cultivei uma coisa no aquário, até hoje não sei se vegetal ou animal ! Era um espécime redondo que se reproduzia em placas que se colavam umas às outras. O segredo era beber daquela água todo dia, para garantir uma vida longa, saúde perfeita e inteligência aguçada. Foi moda numa certa época. Quando penso que bebia aquilo e ainda elogiava, não entendo por que não me botaram num hospício.
E a história dos radicais livres? Partem do pressuposto de que cada célula é uma ”fábrica” cujo funcionamento deixa resíduos. É preciso elimina-los com uma boa alimentação. A tese é ótima. A vilã sempre é a carne vermelha. Aconselha-se a substituição pela soja! Assim, tentei viver à base de carne de soja! Era tão gostosa como mastigar isopor! Também incorporei leite de soja.
A última moda em alimentação é a quinoa. Provém dos Andes e é considerada completa em termos nutricionais. Tem sabor de nada. Achava impossível algo ter sabor de coisa nenhuma, mas é o caso da quenga. Dia desses, estava com um amigo em uma lanchonete. Ele vive de regime. Viu no menu: sanduíche de quinoa. Aconselhei:
-É um alimento maravilhoso que não engorda.
Agi com boa intenção. Talvez ele gostasse. Veio um hambúrguer de quinoa frita. Duas desvantagens de uma vez: engordava por causa da fritura e só tinha gosto do óleo em que fora mergulhado! Quase perdi o amigo!
Tudo que é delicioso parece fazer mal: batatas fritas, hambúrgueres, refrigerantes, hot-dogs, bacon!
E, claro, qualquer delicia feita de açúcar!
Penso em minha avó que cozinhava com banha de porco e quase chegou aos noventa. E em outros velhos que conheci. Talvez o povo do passado soubesse algo sobre alimentação que o tempo esqueceu.
No mínimo, eles não viviam estressados com tantas dietas e informações. Sentiam-se felizes por desfrutar a comida. Dietas são boas. Mas acredito que o principal ingrediente para a boa saúde é a paz de espírito! Recebi por e-mail.
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