Acabei de ficar muito irritado. Não que eu tenha visto algo de novo, mas por ter visto, mais uma vez, uma grotesca subversão dos valores. Dava na televisão um programa esportivo. O assunto era um sujeito sem talento, sem graça, boné virado, cheio de brincos nas orelhas, correntão no pescoço, que mal sabe ler e escrever, um inútil para a sociedade, mas o salário dele... ó, lá em cima. Uma montanha de dinheiro. Era esse o assunto, seu novo contrato. Uma montanha de dinheiro.
Nesse mesmo momento, o Rio de Janeiro era, mais uma vez, manchete mundial, com bandidos fazendo estripulias num condomínio dito de luxo – os bandidos ousavam e desaforavam. E os policiais no meio do fogo contra eles, fazendo o que podiam para defender a sociedade. E o salário desses policiais? Quase nada.
Desligo a tevê e pego o jornal. “Policial de folga evita assalto, troca tiros com bandidos e eles acabam presos”. O policial estava de “folga”. Será que um “doutorzão” faria isso em nome da sociedade?
Professores se incomodam antes, durante e depois das aulas. Convivem todos os dias com menores insuportáveis, melhor seria que não tivessem nascido... mas nasceram.
Professores são ameaçados, muitos são surrados, desaforados, ofendidos, isso e mais aquilo. E quanto recebem por tudo isso? E quanto vão receber depois de todas as promessas que os canalhas lhes estão agora fazendo?
Médicos e cientistas de qualidade, gente anônima, pessoas que mudam para melhor a vida de outras pessoas, quanto ganham por mês? Miséria.
E um pequeno ordinário, porque joga futebol, amontoa notas de R$ 100, é isso? E isso é justo? Na sociedade dos estúpidos, é.
Bons alunos não podem sair da sala de aula durante os intervalos, são agredidos por vagabundos da classe média metida, gente má, que não estuda. E o que lhes acontece? Nada, pedagogas os interpretam como hiperativos, crianças que precisam de afeto e atenção. Sim, mas o que fazem para proteger os bons? Nada. E isso é ordem, e isso leva ao progresso?
Magistrados corruptos são “aposentados” antes do tempo. A punição é ficar em casa com o salário integral. É justo? E os magistrados ardentes, envolvidos pelo verdadeiro fogo da justiça, o que ganham? Ameaças. É justo?
Chega. À revolução. À revolução cultural dos méritos: a cada um segundo suas obras. Tudo aos bons, “ferro” nos maus. Comentário de Carlos Prates.
Um comentário:
Este assunto já foi tema de conversa entre eu e os 'meus' e a minha opinião é idêntica ao que expressa essa postagem.
Inversão de valores.
Postar um comentário