Doces e Sobremesa! Crianças bem-comportadas ganham; Crianças que comem toda a
comida ganham. É assim, desde a infância que os bons ganham
doces da vida. Será mesmo?
Não importa que a vida adulta nos dê
empurrões, importa é que gravamos na memória da infância que as boas
crianças ganham doces.
É por isso que inconscientemente vamos buscar um
doce na geladeira quando estamos angustiados, afinal, somos boas
crianças, merecemos um doce da vida.
Os angustiados comem mais e comem
errado. Mas que um docinho é muito bom, ah isso é! E duvido que alguém
enquanto come um doce pense em coisas ruins.
A gente acaba de fazer um lanche e continua sentindo fome. Como sentir fome se acabou de fazer um lanche
reforçado? Outras vezes, acabamos de sair da mesa do almoço, ou do jantar,
come bem, até exagera um pouco e minutos depois sente fome. Será
mesmo fome, será que eu sinto fome ou pertenço à legião dos famintos
psicológicos?
Acabei de reler sobre obesidade, um problema que, aliás, dá muita
despesa aos cofres da Previdência, tratar gordo é um caso sério e
difícil.
As manchetes tem repetições da mesma notícia:
“Excesso de peso é um problema mundial”. Gordo virou palavra feia, agora
se diz sobrepeso, obesidade ou quilos a mais.
Mas a pergunta é: por que
há tanta gente com sobrepeso? Ocorre que não comemos apenas para dar
combustível ao estômago e ao corpo todo. Comemos, mais das vezes, para
acalmar outras fomes que sentimos, fomes de origem psicológica. Sentimos
fome de carinho, de amor, de reconhecimentos, de prestígio no trabalho,
sentimos “fome” por abandono existencial, inúmeras são as nossas
“fomes”.
Agora que fique tudo muito claro, essas carências, todas essas
fomes emocionais, podem ser reais ou imaginárias, costumeiramente são
imaginárias.
Comer é o primeiro ato de prazer que sentimos na vida.
Chegamos ao mundo chorando e a mãe, ou alguém por ela, nos dá o seio ou
uma mamadeira. E aí, calamos, sentimos prazer.
Pelo resto da vida vamos associar a boca aos melhores prazeres, e
diante das carências afetivas, comer é o ato mais simples e de retorno
garantido. Garantido no momento, daqui a pouco estamos com “fome” outra
vez. Disso resultam gorduras e doenças.
Claro que há os casos de patologias que precisam de tratamento
especial, mais das vezes, todavia, do que precisamos é de uma melhor
autoestima. Sentir “fome” a toda hora não é fome, é carência de algum
afeto, real ou imaginário. Mas o imaginário é tão real quanto o real.